O que é o Ceratocone e como ele se manifesta?
O Ceratocone é uma doença multifatorial que atinge a córnea, camada anterior do globo ocular, modificando a curvatura da córnea original. Quando existe a modificação, existe naturalmente uma alteração de graduação, de qualidade de visão. O Ceratocone é uma doença de vários fatores, sendo de origem genética ou desencadeada por condições ambientais. Quando o Ceratocone é de origem genética, ele ocorre porque houve mutação de um determinado gene que, mutado, pode transmitir a alteração da adesão das fibras da córnea. Ou seja, o paciente tem a mutação e a adesão destas fibras e ele pode, então, desencadear uma alteração da curvatura da córnea e, consequentemente, da visão.
Os pacientes com Ceratocone geralmente desencadeiam esta doença na puberdade, mas existem crianças que têm esta condição e apresentam a alteração da visão. Ela pode acabar não sendo percebida pelo oftalmologista ou pelos pais porque esta alteração ainda não apresenta um grau de importância. Chegando na puberdade os jovens, que apresentam o quadro de Ceratocone, vão ter uma alteração na visão que muitas vezes não pode ser corrigida pelo uso de óculos, como miopia ou astigmatismo, então se é recomendado e receitado o uso de lentes de contato para criar uma superfície sobre a córnea mais homogênea, e com uma curvatura mais adequada.
Não conseguindo usar as lentes de contato, muitas vezes por apresentar alergias, a possibilidade do paciente ter uma melhora na qualidade da visão acaba sendo mínima. É importante avaliar se existe alteração de visão no paciente que apresenta Ceratocone, e se vai ser preciso correção com óculos ou lentes de contato.
Existem fatores ambientais que podem agravar o quadro de pacientes que já apresenta a mutação genética, mas só fator ambiental, como o ato excessivo de coçar os olhos, também pode fazer com que pacientes sem a mutação genética acabem desencadeando o Ceratocone. Se o paciente tiver uma alergia associada, ela precisa ser tratada. E, quanto tratada, muitos dos pacientes passarão a ter a possibilidade da utilização da lente de contato e ter a sua visão corrigida.
Lentes de contato são indicadas para o tratamento do Ceratocone?
Tanto lentes de contato rígidas, esclerais ou gelatinosas podem dar boa visão para o paciente que apresenta Ceratocone. Então, quando um paciente jovem apresenta esta condição, a primeira orientação passada pelo oftalmologista é o tratamento de possíveis coceiras ou irritação nos olhos, usando a medicação de forma adequada e também passando a fazer o controle das medidas da córnea para ser mapeado se existe progressão do quadro.
Anel de Ferrara para o tratamento do quadro
Existe também, à disposição dos oftalmologistas e dos pacientes, anéis que se colocam na córnea para modificar a curvatura que está alterada. Estes anéis são colocados na espessura da córnea, e o paciente tem uma melhor possibilidade de correção do Ceratocone porque a área, antes irregular, fica centralizada. Apesar de ser uma solução interessante, como em qualquer prótese no corpo humano, os anéis podem ficar no local inicialmente colocado por muitos anos, mas eles também podem ter movimentação ou extrusão.
Crosslinking
Existem casos onde, por algum motivo, o paciente apresenta a espessura da córnea muito fina, não podendo colocar o anel. Nestes casos, ele pode realizar um procedimento que hoje é feito para a prevenção da evolução do Ceratocone. Este procedimento se chama Crosslinking, que já está à disposição dos oftalmologistas há mais de dez anos. O Crosslinking se resume na aplicação de luz ultravioleta sobre a córnea e que, antes da aplicação, o paciente vai receber uma vitamina chamada Riboflavina.
Ela é fotossensível e, quando ativada pela luz ultravioleta, vai liberar radicais de oxigênio que vão promover as ligações das fibras da córnea. Estas ligações serão muito mais rígidas do que as originais e a córnea, então, vai ter menor propensão a ter uma modificação da sua curvatura.
Ceratocone e transplante de córnea
A progressão natural do Ceratocone, quando não tratado, é do quadro apresentar uma modificação grande da córnea, podendo até mesmo ser necessário um transplante.
O transplante de córnea também é uma solução boa mas, por conta do tecido não ser do próprio indivíduo, ele pode ser rejeitado. E, mesmo com este tratamento, ainda existe a possibilidade da evolução do Ceratocone no paciente, assim como a falência do transplante. Na melhor das hipóteses, a expectativa de um paciente de 15 anos que realiza o transplante é que ele dure entre 20 a 30 anos. O ideal é que outras soluções sejam tomadas para que este procedimento não seja feito, ou ao menos seja postergado.
Quando, apesar de todos os tratamentos descritos acima, não houver uma melhora do quadro, então vai ser necessário a realização do transplante. Ele é dividido em dois tipos: transplante penetrante, trocando a espessura total da córnea que é feita quando o paciente apresenta cicatrizes. Ou, nos Ceratocones mais brandos, o transplante lamelar, onde é possível realizar a troca da parte anterior da córnea.
O transplante lamelar tem vantagens em relação ao transplante penetrante porque, como só foi trocado a parte da córnea que menos estimula uma reação imunológica, a chance de rejeição do paciente vai ser menor.
Ceratocone secundário
O Ceratocone também pode ser secundário a períodos que o paciente passou na vida. Por exemplo: ele fez uma cirurgia de miopia no passado e acabou ficando com a sua córnea muito fina. Logo, o Ceratocone é secundário a uma alteração que o paciente teve durante a vida. O paciente também pode apresentar um trauma com perfuração de córnea e perda de tecido, ocasionando em seu afinamento e na propensão ao desenvolvimento da doença. Estas situações também podem ser tratadas com os mesmos procedimentos usados nos casos de Ceratocone, sendo de origem genética ou a partir de fatores ambientais.
O diagnóstico do Ceratocone
Uma dúvida muito comum dos pacientes que apresentam o Ceratocone é como se dá o diagnóstico e como é feito o acompanhamento. O diagnóstico é relativamente simples, mas precisa de um equipamento que faz medidas da parte de fora, da espessura e da face posterior da córnea porque existem Ceratocones que alteram partes diferentes desta região. Chamadas de Topografia de Córnea, ou de Tomografia de Córnea, as medidas são feitas no consultório oftalmológico.
Orienta-se que as famílias que conhecem o diagnóstico do Ceratocone entre os seus membros, comentem os casos com o oftalmologista ao levarem os seus filhos precocemente a uma consulta. Dessa forma, o médico poderá orientar qual é o melhor momento para se fazer o exame de prevenção desta doença. O diagnóstico não vai ser sempre com exame de graduação, mas a sua comprovação vai ser feita a partir das medidas da córnea com equipamentos especializados.